Eles estão com tudo. E estão prosas. Gigantes do rap, gigantes do ego, Jay-Z e Kanye West celebram o seu próprio poder em Watch the throne, um disco com jeito de blockbuster, cercado de excessos e superlativos por todos os lados. Afinal, para a milionária dupla, mais é mais.
Amigos do peito inflado, Jay-Z e Kanye West começaram a trabalhar em Watch the throne no final do ano passado, em estilo jet-setter. Com as agendas lotadas, os dois gravaram boa parte do disco em trânsito, num esquema que mais lembra as superproduções de Hollywood — as “locações” foram Paris, Londres, Honolulu, Abu Dhabi e, claro, Nova York, onde Jay-Z e Kanye alugaram parte de um hotel para finalizar os trabalhos, cercados de alguns dos melhores produtores de hip-hop do planeta, como The Neptunes e RZA.
Para lançar o disco, nada de miséria também. Watch the throne teve sua première no planetário do Museu Americano de História Natural, em Nova York, com a presença de VIPs sortidos, incluindo Beyoncé (mulher de Jaz-Z, que participa do disco na ótima Lift off). Estrelas, enfim.
O conteúdo do disco, que é o que importa, também é over. Apoiados numa produção impecável, pontuada por samples comprados a peso de ouro (Curtis Mayfield, James Brown, Nina Simone, Otis Redding, Quincy Jones, entre outros), Jay-Z e Kanye West expõem as contradições inerentes a um exercício de poder como esse.
Deitam falação sobre a violência nas ruas dos EUA (o “holocausto negro”, descrito em Murder to excellence) e o racismo em geral, ao mesmo tempo em que fazem questão de exibir sua obsessão por marcas famosas, de relógios a grifes (a capa foi desenhada por Ricardo Tisci, designer da Givenchy). Como disse alguém, tanta ostentação cansa. O rap precisa urgentemente de um Sex Pistols. Há Godzillas demais nas ruas de Nova York. Cotação: Bom.
Por Carlos Albuquerque, da Agência O Globo
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