Turnê estreou em Salvador no início do mês e chegou a São Paulo nesta quarta-feira
O bloco de Caetano foi tenso. Começou com duas canções mais obscuras ("Milagres do Povo" e a bela "Jenipapo Absoluto"), que dispersaram a atenção de um público já bastante desatento. Ele então tentou ganhar a plateia de volta com "Odeio", um dos pontos altos de suas duas últimas turnês com a banda Cê. O problema é que o público do Via Funchal, mais velho, claramente não conhecia o Caetano roqueiro de seus dois últimos discos ("Cê" e "Zii e Zie"), e até se sentiu incomodado com alguns versos mais agressivos da música. Quanto ele pediu para o público cantar o refrão junto, foi ignorado.
Ele então teve que apelar para os sucessos. O primeiro foi "Desde que o Samba É Samba", obra-prima do álbum "Tropicália 2" (1994) em que o cantor finalmente foi acompanhado pela plateia. Em seguida, foi "Sozinho", de Peninha, um dos exemplares mais significativos dos flertes de Caetano com a música mais popular. O bloco solo terminou com "Alegria Alegria" ("fiz essa música quando tinha 24 anos, a mesma idade da Maria Gadú", disse o músico) e pronto, o público já estava nas mãos do cantor e pronto para a volta de Gadú ao palco.
Ao ver os dois juntos, ficou claro que estar ao lado de Caetano Veloso faz muito bem para Maria Gadú. Afinal, as composições dele são muito melhores que as dela e é bom ouvir a boa voz não ser desperdiçada com bobagens. Já no caso de Caetano, é difícil ver o que ele pode tirar de bom dessa parceria. Comparado com seus últimos espetáculos, esse é um passo atrás: conservador, retrospectivo, desinteressado. De realmente surpreendente, só a versão de "Trem das Onze", de Adoniran Barbosa: mais lenta, com um inesperado tom mórbido, foi o ponto alto da noite.
Fonte:ultimosegundo.og.com.br
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