Vander Lee deixa de lado as músicas românticas e cai no samba

Das 29 canções do ensaio-show desta semana, feito na Gamboa, 16 são de sua autoria



Digamos que Vander Lee tenha sido no mínimo ousado ao dedicar show integralmente ao samba. E que, ao final, tenha cometido um deslize ao verter para o pagode baladas românticas de sua autoria, como Românticos e Onde Deus possa me ouvir, que atraíram a atenção de intérpretes como Rita Ribeiro e Gal Costa, respectivamente. Foi o que ocorreu na promissora estreia, na noite de quinta-feira, na Gamboa, do ensaio-show Lado bamba, que traz à tona o reconhecido talento do cantor, compositor e instrumentista mineiro para o gênero.

No roteiro, seguido quase à risca – ele traz, em boa hora, Estácio eu e você, de Luiz Melodia, que não estava prevista –, das 29 canções, com direito ao bis, 16 são de sua autoria, incluindo inéditas como Mais samba e menos lágrima, uma marcha cuja interpretação ele divide, oportunamente, com sua mulher, Regina Souza.

Devidamente estilizado, calça jeans, paletó de linho branco, chapéu de malandro e tênis também brancos, Vander Lee mostra que pode ir muito além das canções românticas com as quais conquistou tantos fãs. A banda que o acompanha é destaque à parte. Além de percussionistas natos, há que se destacar a presença do violão 7 cordas de Thiago Delegado, jovem instrumentista cuja performance e produção autoral também vêm chamando a atenção do público. A participação, reduzida a cinco faixas, de Regina Souza, cai bem e dá o charme necessário ao casal de sambistas.

Ao violão ou cavaquinho, Vander Lee se contenta com o banquinho, ainda que algumas vezes não resista e levante para sambar. Do samba-enredo (Sambado) ao quase descarrego (Vai assombrar porco), passando pelos já conhecidos e melosos exemplares do gênero (Galo e Cruzeiro e Chazinho com biscoito), o compositor se sai muito bem no gênero, que visita com a devida modéstia mineira. Bem lembrada, Estrela, que Maria Bethânia gravou em seu mais recente álbum, ganha versão percussiva do autor, que chega a confessar já não se sentir mais autor da pérola polida pela intérprete baiana.

Mesmo não tendo gravado disco de samba, como lembra na abertura, aquele era um momento especialmente feliz para Vander Lee, que tornou a noite relaxada, divertida e poética, com direito à necessária licença dos mestres Almirante (Cozinheira grã-fina), Gordurinha (Orora anarfabeta) e Geraldo Pereira (Falsa baiana). No mais, a história de Dorinha, narrada oportunamente por ele em A falsa baiana (ex-sambista, agora popstar do axé) é pra lá de boa.








Fonte:uai.com.br

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