Uma em cada dez pessoas é `viciada´ em celebridade


Escrever cartas quilométricas para o ídolo, colecionar materiais que levam o nome de uma celebridade, sofrer a dor de um artista famoso e até mesmo buscar ficar com a aparência física semelhante à de uma personalidade. No mundo dos fãs, vale tudo - ou quase tudo - para se sentir perto da pessoa admirada.

Só neste ano, dois filmes discutem a questão das celebridades. "Para Roma, com Amor", de Woody Allen, e "Superstar", de Xavier Giannoli. Ambos mostram a relação entre fãs e famosos. Mas a idolatria não se limita ao cinema. Na vida real, algumas pessoa se mostram verdadeiramente ligadas aos ídolos. Há cerca de dois meses, após a atriz Kristen Stewart trair o namorado Robert Pattinson, um vídeo chamou a atenção na internet: uma fã emocionada chora, indignada, após a traição. Até a última sexta-feira, mais de 2 milhões de pessoas haviam acessado o vídeo no YouTube.

Essa fã não está só. Pesquisadores da Escola de Medicina de Illinois (EUA) concluíram que uma em cada dez pessoas é "viciada" em celebridades. Essa percentagem diz respeito aos fãs que fazem de tudo pelo ídolo - que comemoram as vitórias e se chateiam com as derrotas do ser amado como se fossem "carne e unha". Já cerca de 20% da população aprecia apenas saber novidades sobre as celebridades e 1% - o grau mais grave do que eles chamam de síndrome do culto à celebridade - perderia até mesmo a vida pelo seu ídolo.

De acordo com o antropólogo José Márcio Barros, doutor em cultura e comunicação e professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais, os ídolos respondem a uma necessidade universal. "Eles fornecem modelos ideais a serem buscados por todos", afirma.

"Tenho peças de coleção do Raul Seixas que renderiam um bom dinheiro. Nunca as venderia", revela o comerciante Josué Pereira, 57. "Tê-lo como ídolo é quase uma religião", admite o comerciante.

As pessoas chegam a parar Josué - que é conhecido como Raul - nas ruas para falar da semelhança que ele tem com o cantor. "Já virei referência", diz. Ele conta que, caso o seu ídolo estivesse vivo, não mediria esforços para fazer para ele tudo o que pudesse. "É um sentimento que não consigo explicar", relata.

A enfermeira Helen Balena, 35, vai a várias cidades acompanhar os ídolos da banda Roupa Nova. Ela confessa que, muitas vezes, viaja mesmo sem ter condições. Chega antes deles aos locais onde irão se apresentar e fica várias horas esperando o momento de vê-los no palco. No encerramento do showm ela precisa ter certeza de que fará tudo de novo. Sacrifício? Não para ela. "É uma emoção", diz.










Fonte: O Tempo

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