Moradores de favela estão superconectados à web, revela pesquisa

Nove entre dez moradores de favelas cariocas, com menos de 30 anos, acessam a internet. A maioria utiliza o computador de sua própria casa. Quando conectados, os usuários priorizam redes sociais como o Facebook.

As constatações citadas são parte de uma pesquisa com residentes, de idades entre 15 e 29 anos, de cinco áreas de baixa renda: Rocinha, Cidade de Deus, Manguinhos e os complexos do Alemão e da Penha.

O levantamento, baseado em 2.000 entrevistas, foi produzido para o projeto Solos Culturais, uma parceria da Secretaria Estadual de Cultura do Rio de Janeiro com a ONG Observatório das Favelas.
Segundo os pesquisadores, a adesão à internet dessa parcela da população sinaliza que estão ocorrendo mudanças. "O cidadão invisível na rua aos olhos da sociedade consegue ser reconhecido em redes sociais como o Facebook. O excluído está alçando virtualmente sua visibilidade. Isso é uma revolução no imaginário da cidade", avalia Jorge Luiz Barbosa, professor do Departamento de Geografia da
Universidade Federal Fluminense e diretor do Observatório das Favelas.

Ele acredita que a internet pode estabelecer laços até então pouco explorados. "O garoto da favela posta um vídeo com passos de funk no YouTube que acaba sendo visto pelo menino do condomínio de luxo. Esses cruzamentos culturais permitem a esperança em uma sociedade mais generosa com suas diferenças", diz.

Além de marcar presença em redes sociais, os internautas entrevistados costumam baixar músicas, além de armazenar fotos e vídeos. A pesquisa vai resultar no livro "Solos Culturais", que será lançado até o fim deste mês.

Quem precisa de LAN house? Segundo o projeto Solos Culturais, o uso de computadores em residências nas favelas pesquisadas já supera os acessos feitos em LAN houses. O comerciante Alexandre Ferreira, 43, já havia percebido a mudança. "Eu fundei uma das primeiras LAN houses da Rocinha, mas acabei fechando porque o movimento caiu muito", diz.

Com a crise, ele vislumbrou um novo negócio. "Comecei a vender o acesso à internet. No início, de uma maneira talvez até ilegal", reconhece o comerciante, que formalizou a empresa após a ocupação da favela pelas forças policiais, no final de 2011."Agora, eu compro o link de uma operadora e distribuo pela Rocinha. Tudo legalizado", diz ele, que alcançou 1.500 clientes em pouco mais de um ano.

Morador da favela, Vinícius Santiago de Lima, 19, usa o laptop da irmã para acessar o Facebook.

"Já cheguei a passar o dia inteiro, mais de 12 horas seguidas, no Facebook", conta.







Fonte: Informações O Tempo

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