Artistas vão às ruas para vender produção

Tem até dupla sertaneja fazendo apresentações em meio aos carros para anunciar CD.



Fernando Henrique & Fabiano soltam a voz para vender CD a R$ 10, enquanto esperam chances.


O vento sopra na Avenida do Contorno, Centro de Belo Horizonte, e as mechas de Fernando insistem em sair do lugar. Ele faz de espelho o CD que gravou com o irmão Fabiano e prende-o de volta nas cordas de um velho violão que funciona como prateleira. O sinal amarela. Fabiano, de violão de verdade e chapéu, encosta ao lado do primeiro carro da fila e, cara a cara com o motorista, dispara com o irmão: “Conhecer as manhas e as manhãs/ O sabor das massas e das maçãs”. No curto espaço de tempo seguinte, tentam vender o disco (R$ 10), que, acreditam, alavancará a carreira e atrairá um empresário que aposte neles.

A dupla sertaneja Fernando Henrique & Fabiano, que migra de sinal para sinal para tentar emplacar, é apenas um entre tantos exemplos de artistas que tentam a sorte nas ruas de Belo Horizonte. Na maioria dos casos são CDs, livros, quadrinhos e poesias. Dificilmente se encontrará qualquer um desses trabalhos numa loja e o interessado em adquiri-los quase só conseguirá fazê-lo deixando-se abordar por um desses autores incógnitos que perambulam por bares e restaurantes e circulam pelos principais cruzamentos da cidade. O encontro pode ser uma questão de sorte, pois eles estão sempre em trânsito.

“É um trabalho quase impossível e é preciso ter grande persistência. Em geral as pessoas dão bastante atenção. Mantemos a simpatia e procuramos não escolher qual carro abordar. O sinal abre e a gente simplesmente vai”, conta Fabiano, de 35 anos, que canta com o irmão Fernando, de 33, há 16 anos – oito deles profissionalmente. Com três CDs demo e um “oficial” no currículo, a dupla agora está focada em Sedex, música escrita pelo irmão Franklin (da dupla com Diego, por sua vez) e com a qual trabalha há cerca de um ano.

A ideia de ir para os sinais veio num momento de crise da dupla, que já fez shows de abertura para grandes artistas (Edson & Hudson, César Menotti & Fabiano) e passou por várias casas noturnas de Contagem, onde nasceram e moram, e Belo Horizonte. Adotaram a estratégia há dois anos e, somando vendas em shows, garantem ter alcançado a marca de 25 mil cópias. A média diária, informa Fabiano, é de 30 discos. A jornada da dupla pelos sinais começa cedo, às 6h, e costuma ir até as 16h. Atualmente, o ponto preferido deles é na Avenida do Contorno, atrás do Espaço 104 (próximo à Praça da Estação), no Centro.






Fonte:uai.com.br

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