A fama bem explorada na Grande Rede


Os famosos e os que sonham ser se transformam em personagens divertidos e de sucesso na Internet

Na Internet, você pode ser quem quiser. Há até quem dedique bom tempo se passando por alguém famoso em alguma rede social – especialmente, no Twitter. Os chamados fakes costumam dar muita dor de cabeça aos artistas, mas alguns ostentam status de celebridade do universo virtual. Para se ter uma ideia, o internauta que se passa pelo comentarista esportivo Cléber Machado tem mais de 185 mil seguidores. O sucesso se deve ao humor empregado aos tweets (postagens que devem ter, no máximo, 140 caracteres).


Há de tudo: desde quem assuma a identidade de alguém (os fakes de jogadores de futebol, normalmente, se encaixam nesse perfil), quem deseje ironizar o imitado (Carla Perez é inspiradora de muitos fakes engraçadinhos), quem homenageie alguém que morreu (caso do famoso Mussum Alive) e quem relembre personagens da cultura de massa (a conta @vanifacts dá vida à Vanilce, do programa “Os Normais”, e é seguida por mais de 142 mil pessoas).


Mas o que move uma pessoa a criar conta com um personagem em vez de expor a verdade? No caso do paulista Leandro Santos, 28 anos, estudante de Engenharia de Produção, a vontade de ter muitos seguidores explica a motivação para criar o @MussumAlive. “Quando criei meu perfil pessoal no Twitter, não tinha muitos amigos que usassem a ferramenta, e por isso não tinha muito com quem conversar. Nessa época, começaram a criar perfis fake e me interessei pela ideia. Como sempre ouvi muito Originais do Samba (grupo do qual Mussum fez parte), resolvi aproveitar e fazer essa homenagem”, conta Leandro Santos.


A iniciativa foi tão bem-sucedida que, por muitas vezes, o estudante conseguiu levar suas tags (palavras que são precedidas por #) ao Trends Topics (ranking dos assuntos mais comentados do Twitter). A brincadeira virtual acabou virando negócio e hoje o rapaz investe em seu blog (bebidaliberada.com.br).


Online 24 horas por dia pelo celular, Leandro/Mussum faz do Twitter um diário de 140 caracteres. “É muito bom ter muito seguidores e saber que, de alguma forma, muitas pessoas te conhecem, mesmo que seja apenas o perfil no Twitter; recebo muitas mensagens de seguidores agradecendo pelas risadas dadas lendo meus tweets”.


A conta @nairbello também tem feito muito bem a Gustavo Braun, 27 anos, carioca radicado em São Paulo. Ao encarnar a divertida atriz, morta em 2007, ele conseguiu 89 mil seguidores. Nada mal para quem fundou uma agência de marketing focada em mídias sociais e que vai estrear o programa de TV “Dose Tripla” na www.mixtv.com.br, junto com Paulo Miklos e Marina Santa Helena.


“Em março de 2009 eu estava muito estressado no trabalho e queria uma forma de me divertir, rapidamente. O Twitter foi a saída, com seus 140 caracteres. Como era uma multinacional e eu não queria expor meu nome, tive que escolher um personagem de que gostasse muito e que fosse divertido por si. Foi a Nair Bello, essa atriz maravilhosa, que tinha falecido havia dois anos”. Ele soube por amigos que a família da atriz gosta da homenagem.

Nos casos de Leandro Santos e Gustavo Braun, é fácil para o criador do fake se manifestar, porque seus tweets, embora engraçados, não agridem os imitados. Pelo contrário, são verdadeiras homenagens. Já aqueles que fazem piadas com pessoas vivas – que podem mover processos – preferem se manter ocultos. Por e-mail, o dono da conta @oclebermachado diz que não fala sobre sua vida pessoal e prefere o anonimato por trás do comentarista.


Para quem navega pelo Twitter, realmente é difícil saber se a conta é de uma pessoa real ou um fake – a não ser que o humor seja muito escancarado. Muitos jornalistas se deixaram enganar por contas do Twitter que não foram criadas pelas celebridades ali citadas. Um exemplo de grande repercussão: em 2010, uma repórter afirmou na Rádio Jovem Pan que a apresentadora Hebe Camargo, na época internada para tratar um câncer, corria de cadeira de rodas pelo hospital – na verdade, quem afirmava isso era o fake @HebeCamargo. Também no ano passado, veículos de comunicação esportivos passaram informações erradas, adquiridas no perfil @matidefederico – um fake do jogador Matias Federico criado por um estudante de História.


Técnicos de futebol, que muitas vezes não apresentam familiaridade com a internet, também sofrem com os imitadores virtuais. Paulo César Carpegiani, por exemplo, não gosta de computadores, mas teve que engolir um fake que hoje ostenta mais de 1.300 seguidores. O criador da conta é anônimo, mas evidencia sua preferência no mundo do futebol: é torcedor do São Paulo, time comandado por Carpegiani.


Para que erros como esses não se tornem constantes no microblog, o Twitter criou, há dois anos, um selo que garante quais são as contas reais. O esquema de verificação de contas existe para as celebridades campeãs em número de seguidores – casos de Luciano Huck, William Bonner e Ivete Sangalo.





Fonte:hojeemdia.com.br

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