BB King e sua inseparável guitarra chamada Lucille
Prestes a completar 87 anos em setembro, Riley B. King – mais conhecido pelo nome artístico de B. B. King – continua a todo vapor. Ostentando recordes impossíveis de serem batidos – que tal 15 mil shows realizados ao longo de 63 anos de carreira? Ou contabilizar admitidas influências da parte de monstros do porte de Jimi Hendrix, Eric Clapton, Buddy Guy, Duanne Allman, Jeff Beck, George Harrison, Peter Green e Stevie Ray Vaughan? –, o “Rei do Blues” sempre mostrou um vigor e um fôlego que superam quaisquer expectativas para um músico da sua idade.
Aliás, no momento em que escrevo esta crítica, King está em plena turnê pelo Canadá, enquanto alemães, franceses e italianos aguardam por ele em julho e nós, brasileiros, por mais uma visita sua, entre setembro e outubro, quando estão programadas apresentações do guitarrista no Rio de Janeiro (Vivo Rio), em Curitiba (Teatro Guaíra) e São Paulo (Via Funchal).
Enquanto o mestre não vem, podemos nos deliciar com o aperitivo sônico proporcionado pelo CD Live at The Royal Albert Hall 2011. Gravado em 28 de julho do ano passado, no espetacular templo da música inglesa com lotação esgotada, a gravação vem se somar com louvor à longa série de registros ao vivo com que B. B. King tem provido seus fãs desde que, lá pelos idos de 1949, se viu contratado pela Bullet Records, modesta gravadora de Memphis, Tennessee (EUA).
No show em questão, o decano das seis cordas elétricas divide generosamente suas canções com músicos de várias gerações e tendências. Alternando-se no palco entre um número e outro, King viu perfilarem-se ao seu redor Derek Trucks (filho do baterista Butch Trucks, um dos fundadores da mítica Allman Brothers Band e tido como um dos maiores virtuosos na sinuosa técnica do slide), Susan Tedeschi (mulher de Derek, essa cantora e guitarrista vem mesclando soul e blues com propriedade há quase duas décadas), Ronnie Wood (figuraça cuja fama o precede, o veterano rolling stone afiou seu instrumento previamente ao lado dos Birds, The Creation, Jeff Beck Group e The Faces), Mick Hucknall (ex-vocalista do Simply Red e substituto de Rod Stewart na recente reformulação do cotado The Faces) e Slash (dono de enfezados riffs e licks que propulsionaram o hard rock dos Guns N’Roses, Slash’s Snakepit e Velvet Revolver).
Sem esforço, King e acólitos encantaram a massa londrina que compareceu ao Royal Albert Hall com uma série de memoráveis jams e temas antológicos que jamais poderão faltar no repertório de King enquanto ele se dispuser a exibir sua telúrica arte ao vivo. Arrancando as mesmas notas cristalinas que lhe angariaram fama por décadas a fio, ele premiou os presentes com portentosas releituras de Key to the highway, Guess who, Rock me baby e The thrill is gone. Ao final, incursões pelo folk-gospel (See that my grave is kept clean) e pelo jazz de New Orleans (When the saints go marching in) fecharam com sucesso mais uma noite irretocável daquele que se tornou o avatar-mor do gênero, um ancião com pique de menino que obstinadamente teima em manter acesa a chama do blues.
Fonte: Arthur G.Couto Duarte, do Estado de Minas
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