Alto custo de vida em Alfenas obriga universitários a se virar nos 30

Universitários "se viram nos 30" para dobrar as despesas no fim do mês (Foto: Reprodução EPTV)

Com duas grandes universidades na cidade, estudantes de Alfenas (MG) encontram dificuldades na hora de encontrar lugar para morar no município. Sem dormitórios ou muitas opções de pensões em Alfenas, os estudantes precisam correr atrás de alugar imóveis e montar repúblicas na cidade, o que aumenta o custo de vida pra quem, por natureza e condição, não tem dinheiro sobrando. Precisando economizar, os universitários precisam se virar como podem.

Segundo o estudante Renan Peres, que faz ciência e economia na Universidade Federal de Alfenas (Unifal), o gasto mensal para quem mora na cidade é de cerca de R$ 800. “Isso para as necessidades básicas né, tirando a diversão”, diz ele.

Marlinda Figueira Landre, proprietária de uma das maiores imobiliárias na cidade, afirma que pelo menos 50% dos locatários da empresa são universitários. Segundo ela, estudantes da universidade privada costumam relevar a localização do imóvel, mas preferem casas maiores, com mais vagas na garagem. De certo modo, buscam manter o conforto que tinham em casa na hora de escolher onde morar. Já os alunos da universidade pública geralmente preferem apartamentos próximos à faculdade e priorizam segurança na hora da escolha.

Este acaba sendo outro agravante para os estudantes da Unifal, por exemplo. Muitos alunos têm aulas durante todo o dia, impossibilitando trabalhar fora. Além disso, o campus da federal fica no Centro da cidade, onde geralmente os imóveis são mais valorizados e o aluguel mais caro. “É muito difícil achar casa aqui”, comenta o estudante Peres.



Imobiliárias = despesas inesperadas

Marlinda conta que muitos problemas que acontecem ao alugar imóveis para estudantes é que, na hora de entregar o imóvel, muitos não tem consciência da responsabilidade que têm em relação à propriedade e são pegos de surpresa com as despesas para entregar o imóvel como estava antes. “Eles não têm o hábito de ler o contrato na hora de assinar, não prestam atenção mesmo, aí depois o estudante que alugou o imóvel acaba tendo prejuízos na hora de fazer todos os reparos necessários”, conta ela.



O advogado Paulo Henrique Amorim dá algumas dicas para fechar o contrato com uma imobiliária e não ser pego de surpresa na hora de entregar as chaves. Segundo ele, é muito importante fazer uma vistoria rigorosa antes de alugar a casa, que servirá de parâmetro para eventuais cobranças quando o imóvel tiver que ser entregue.

No caso de república, apesar de vários estudantes morarem embaixo do mesmo teto, o contrato é feito no nome de um deles. Se o estudante resolver sair da casa e, com isso, levar os avalistas junto, os outros moradores podem ter problemas na hora de ficar com a responsabilidade. “Uma dica nesse caso é a utilização do seguro fiança, pois todos contribuem com esse valor no momento da assinatura do contrato e caso algum estudante pretenda deixar o imóvel antes do término do contrato, essa atitude não prejudicará os demais”, afirma o advogado.

Outra boa ideia para quem vai morar em república é a elaboração de um contrato paralelo de locação entre os moradores da casa, estabelecendo as regras, deveres e direitos para todos. “Essa atitude pode evitar futuros desentendimentos e facilitar eventuais cobranças e recebimentos”, finaliza Amorim.

Criatividade baixa custos

A designer Ana Paula Belo Macagnani, que desde 2011 mora sozinha em Alfenas, sabe muito bem o que é ter que “rebolar” para dobrar as contas no fim do mês. Ela estudou na UNESP em Bauru (SP), e até se formar em 2010, já morou em quatro repúblicas na cidade. Da época, aprendeu a se virar com pouco para mobiliar uma casa na medida do possível. Uma das dicas que hoje ela dá é reaproveitar o que já existe.

Estudantes usam carrinho de supermercado como
churrasqueira (Foto: Arquivo Pessoal)

“Em Bauru, tudo era aproveitado na nossa república. Carrinho de supermercado virava churrasqueira, caixas de frutas viravam prateleiras. Dá pra garimpar muita coisa bacana em lojas de móveis usados e reformá-los”, conta a designer. O que Ana Paula conta é fato.

Em uma loja de móveis usados em Alfenas, dá pra economizar, pelo menos, 50% no valor dos móveis. Enquanto uma cama de solteiro você compra por cerca de R$ 200, uma usada pode sair cerca de R$ 99. Um colchão de solteiro usado pode ser comprado por R$ 60, preço também de um fogão quatro bocas, que custa de R$ 60 a R$ 80. Outro item caro, a geladeira, dá para pagar até R$ 200, quando uma nova custaria cerca de R$ 800.

Criatividade também é bem vinda para fazer mais com menos, como mostra Ana Paula. “Latas podem virar vasos de plantas, gibis e discos antigos podem virar quadros, portas velhas, junto com um cavalete, pode virar uma mesa muito legal”, conta ela. “Lixa, cola, tecido e contact fazem milagres”.

Ana Paula, que mora sozinha, usa a criatividade para reutilizar e incorporar móveis usados (Foto: Arquivo Pessoal)

A Cidade

Com pouco mais de 73 mil habitantes, boa parte do movimento de Alfenas gira em torno dos jovens que se mudam para estudar em uma das duas universidades, a federal Unifal e a privada Unifenas (Universidade José do Rosário Vellano). Segundo dados do IBGE, dos 23.209 domicílios do município, em 9.308 deles a pessoa mora sozinha.

A Unifal oferece 29 cursos presenciais e a Unifenas tem 15 cursos no campus de Alfenas. A Unifal oferece auxílio-moradia e auxílio-alimentação, com desconto nas refeições no campus, após análise socioeconômica dos alunos que solicitarem o benefício. Os cursos mais concorridos nas duas universidades são Medicina (Unifenas), e Odontologia, Farmácia, Fisioterapia, Biomedicina e Pedagogia (Unifal).

A vida noturna é intensa na cidade. Bares, restaurantes e casas de shows, como o Espaço Z, levam atrações todas as semanas para o público-alvo principal: estudantes. No final de outubro, também acontece o Carnalfenas, considerada a maior micareta indoor do Brasil.








Fonte:Informações g1

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