Clipes musicais incitam violência e viram polêmica no mundo inteiro

Assassinato por vingança, mulheres enforcadas e decapitadas, brigas de gangue, mortes violentas e tráfico de drogas entre crianças.

Essas são algumas das cenas exibidas em clipes musicais que foram lançados entre maio e junho deste ano. Man down, de Rihanna, Monster, de Kanye West, e The greeks, da banda Is Tropical, são motivos de polêmica no mundo inteiro.



Este video é desaconselhavel para menores de 18 anos


No novo clipe de Rihanna, a personagem, interpretada pela cantora, mata o homem que, ao que tudo indica, estuprou a moça no dia anterior. Muitas críticas, vindas principalmente de grupos de espectadores norte-americanos, acusam-na de incitar a violência entre jovens mulheres.

Rihanna, que em 2009 foi agredida pelo então namorado Chris Brown, defendeu o seu trabalho dizendo que queria fazer um vídeo que alertasse as meninas para a questão da agressão sexual. “Pessoalmente, não sou a favor de violência ou assassinato. Já fui abusada no passado e vocês não me veem correndo por aí assassinando as pessoas no meu tempo livre. Eu só quero que as garotas fiquem alertas”, disse ela para o programa 106 & Park.

Uma versão incompleta do clipe Monster, de Kanye West, vazou no fim do ano passado, mas as duras críticas atrasaram a estreia oficial em seis meses. Agora é possível encontrar facilmente na internet o vídeo, que se inicia com a participação do rapper Rick Ross, sentado em uma luxuosa poltrona e cantando ao lado de mulheres enforcadas por grossas correntes.

Enquanto canta o refrão da música, “everybody knows I’m a muthafucking monster (todos sabem que eu sou um monstro)”, Kanye segura pelo cabelo a cabeça de uma mulher decapitada. Os músicos Jay-Z, Nicki Minaj e Bon Iver também aparecem cercados de vampiras, zumbis e outras defuntas, todas mulheres. A agressividade é justificada pela mensagem que aparece antes de o clipe começar: “O conteúdo a seguir não é de forma alguma para ser interpretado como misógino ou negativo em relação a qualquer grupo de pessoas. É um objeto artístico e deve ser tratado como tal”.

Para Tânia Montoro, doutora em cinema e televisão pela Universidad Autonoma de Barcelona e pesquisadora do Núcleo de Estudos sobre Violência e Segurança da Universidade de Brasília — Nevis/UnB, a violência tomou conta das mídias porque é uma linguagem universal, perpassa todas as classes, gêneros, etnias e idades. “A história da humanidade sempre terá violência, o que nós criticamos é a sua utilização como se fosse a única forma de ação possível.”

Crimes bárbaros
O trio britânico Is Tropical conseguiu sair do anonimato no ano passado, quando lançou os singles South pacific e Tan man em uma compilação da gravadora francesa Kitsuné. Mas foi com o vídeo de The greeks que eles caíram na boca do povo. A música é boa e o clipe muito polêmico. Sob o refrão “you only get what you give away/ so throw your hate away (você só recebe o que você dá, então jogue a sua raiva fora)”, crianças usam armas de brinquedo para matar de verdade e fazer jorrar sangue das cabeças dos coleguinhas.

Tráfico de drogas, explosões e degolamentos promovidos por crianças em roupas islâmicas. Um bairro francês é o palco para o conflito cheio de efeitos especiais e influências estéticas de desenhos japoneses. Em texto publicado pela banda no site da Kitsuné, eles afirmam que o clipe reflete o que a música quer dizer e não deve ser levado para o lado da política: “É sobre tudo, sobre nada, sobre ser jovem, ou alguma coisa. Nós gostamos de crianças, gostamos de gangues, e realmente gostamos de imaginar e sonhar acordados”.

De acordo com a psicanalista infantil Ana Olmos, a linguagem da violência inserida em contextos de perversão e exercício de poder não serve como bom estímulo. “Produtos com conteúdos violentos não vão causar doenças, mas não são adequados pedagogicamente para o consumo”, explica. “O videoclipe é uma forma de publicidade, e acaba atraindo a sua audiência exibindo coisas estranhas, raras e perversas para vender a música.”

Do Correio Braziliense








Fonte:pernambuco.com

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