Gretchen lança nova coletânea e diz que se considera ′a Madonna brasileira`

Nunca houve uma mulher como Gretchen.


E dificilmente haverá, garante Maria Odete Brito de Miranda, que passou 34 dos seus 52 anos de vida encarnando esse personagem icônico da MPB: a cantora sexy que resiste no imaginário nacional com apenas três canções de (estrondoso) sucesso: Melô do piripipi, Freak le boom boom e Conga, conga, conga — essa, trilha sonora para as recentes picardias da cantora Sandy num comercial de cerveja.

"Ainda não encontrei ninguém que tivesse tomado o meu lugar. E olha que eu dei várias oportunidades, já que fiquei grávida algumas vezes", diz essa mãe de cinco filhos biológicos e uma adotiva, que acaba de lançar CD Charme, talento e gostosura, coletânea dos seus sucessos organizada pelo pesquisador Rodrigo Faour.

Um bibelô pop que vendeu 15 milhões de discos na virada dos anos 1970 para os 1980 (e que irritou algumas das grandes cantoras do Brasil), Gretchen foi um produto pensado para a TV. Quem conta a história é o produtor argentino Santiago Malnati, o Mister Sam, que acompanha à distância (de São Paulo), as andanças da ex-pupila. "Eu vi a Gretchen pela primeira vez cantando no programa de calouros do Silvio Santos. De cara, percebi: essa mulher tem alguma coisa!", diz.

Era 1977, e — Mister Sam ainda não sabia — Odete ia fazer 18 anos no dia seguinte. Rapidamente ele a localizou e a contratou. E mais rapidamente ainda, compôs a canção Dance with me, toda inspirada no sucesso da discoteque Dance a little bit closer, da cantora Charo — a tal que a moça mostrara na TV. Na hora de lançar o compacto, Sam sugeriu que ela arrumasse um nome artístico melhor. Maria Odete lembrou de Aleluia, Gretchen, filme de Sylvio Back. E se rebatizou.

"A Gretchen tinha um par de coxas muito bonito. Além disso, ela era muito autêntica", conta o produtor, que admite só ter ensinado uma coisa à cantora: como empinar o bumbum. "Depois, eu disse a ela: daqui em diante, você só canta o que eu escrever."

Gritos e gemidos

E, no que lhe foi possível, Maria Odete obedeceu. "Sou muito submissa quando se trata de trabalho", garante ela, que pouco depois estouraria com “Freak your boom boom”. Mister Sam lembra da inspiração. "Eu fui a Nova York e comprei um disco com a música Freak your boom boom. Era um jazz muito malfeito, mas o título era muito bom." O pulo do gato, porém, foi na hora da gravação, em que Sam acrescentou gritinhos, piripipis, palmas e — jura — até alguns gemidos seus. "A alegria do disco era eu", orgulha-se o produtor.

Trinta anos depois do auge, Gretchen se vê como uma pioneira: "Antes de mim, ou se cantava ou se dançava. Eu sou a Madonna brasileira."

Antes da própria Madonna, é claro.










Por Sílvio Essinger, da Agência O Globo
Fonte:pernambuco.com

0 comentários:

Postar um comentário

Seu comentário será publicado depois de moderado