Mestres da música erudita se reúnem em Minas

Festival em Juiz de Fora, excelência na formação de músicos, já foi assistido por mais de 1,6 milhão de pessoas

Ensaio da Orquestra Barroca para o festival, que tem uma média de 80 mil espectadores por ano

JUIZ DE FORA - O Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora, que teve ontem seu concerto de abertura, chega a 22 edições consolidando suas principais características: programação de alto nível, excelência na formação de músicos e grande interesse do público. O evento, que vai até o próximo dia 30, já foi assistido por 1,6 milhão de pessoas ao longo de mais de duas décadas, uma média de 80 mil espectadores por ano.


"Nossa cidade tem uma população que prestigia arte e a felicidade de ter uma instituição devotada à cultura", afirmou o diretor-geral do Centro Cultural Pró-Música, que organiza o festival, Júlio César de Souza Santos. O evento internacional espalha música por Juiz de Fora em mais de 30 concertos vespertinos e noturnos, todos gratuitos, em teatros e nas ruas.


A programação cultural reúne nomes de referência no cenário brasileiro e mundial da música de concerto. Nesta segunda-feira (18), segunda noite, acontece a tradicional apresentação da Orquestra Barroca do Festival, às 20h30, no Cine-Theatro Central. A orquestra é formada por músicos de consolidada carreira internacional, que se unem com a missão de interpretar, com instrumentos de época e de maneira original e, muitas vezes inédita, uma importante obra a cada ano.


"No calendário internacional, o evento está ganhando relevância através da divulgação de um material que impressiona os especialistas por sua qualidade", revelou Júlio César. Uma das novidades desta edição são bate-papos sobre os recitais, todas as noites, às 19h30. Antes das apresentações, o professor Rodolfo Valverde fará comentários sobre as atrações e os programas, proporcionando ao público oportunidade de conhecer mais sobre a música erudita.


Pelo décimo segundo ano consecutivo, o evento estende a sua programação para outras cidades mineiras. No dia 21, o Quarteto Spalla Pró-Música se apresentará em Tiradentes e, no dia 26, a Camerata Pró-Música faz uma exibição em Prados, ambos municípios do Campo das Vertentes. A programação completa pode ser conferida no www.promusica.org.br.


Uma outra faceta do festival é a formação de músicos. Cerca de 700 alunos, vindos de todo o país, estão em Juiz de Fora participando dos 49 cursos nas áreas de cordas, sopros, orquestras, vozes e didática da musicalização, ministrados por 47 professores brasileiros e estrangeiros vindos da Holanda, Estados Unidos e França.


A cantora e compositora popular Ana Lúcia Martel Nobre viajou de Macapá, capital do Amapá, pela segunda vez para participar do evento. "Voltei porque fui muito bem recebida e, tendo gravado recentemente meu primeiro CD, achei interessante o intercâmbio do meu canto popular com a música erudita".


Ana Martel conta que, no ano passado, interagiu com pessoas dentro e fora do festival e recebeu boas críticas relacionadas ao primeiro CD da carreira. "Como sou também socióloga, procuro fazer do meu trabalho um meio de divulgar a cultura do meu estado", salientou. Este ano, ela fará o curso de canto e, se sobrar tempo, de violão.

Cursos são atração no país

O estudante de música da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Waldomiro Ribeiro de Nogueira, de 24 anos, ficou conhecendo o Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga por meio de um amigo que participou de algumas edições. Ele conseguiu o apoio da instituição para se inscrever em dois cursos e se deslocar de avião até Belo Horizonte e depois seguir de ônibus até Juiz de Fora.


Mesmo assim, vai gastar cerca de R$ 800 com comida, estadia e roupas de frio. “Ouvi dizer que é bem frio”, brincou. No festival, somente os cem primeiros inscritos têm direito a alojamento gratuito e os 150 primeiros recebem alimentação (almoço e jantar) sem custo. Todos pagam uma taxa de R$ 120 por curso.


Waldomiro, que descobriu a vocação para a música na pequena cidade de Macaparana, divisa de Pernambuco com Paraíba, não tem dúvidas que tanto esforço valerá a pena. “No festival estão os maiores mestres desse gênero no Brasil e de outros países. É uma ótima oportunidade de crescimento enquanto estudante, o que trará sem dúvida amadurecimento técnico e o intercâmbio de conhecimentos”.


Ele frequentará os cursos de canto barroco e madrigal/conjunto de câmara. Os conhecimentos raros adquiridos em Juiz de Fora serão de grande valia para Waldomiro, que também atua como professor de flauta doce, preparador vocal de coral e professor de musicalização para crianças em Recife. “Participo do Coro Universitário da UFPE , do recém formado madrigal de música antiga também da UFPE e do grupo de música antiga da Escola de Artes João Pernambuco”, acrescentou.


Aluno da Escola de Música de Brasília (DF) desde 2008, o jovem Thiago Alvino Cury, de 18 anos, também arrumou as malas e seguiu para Juiz de Fora. Ele também participa pela primeira vez do festival, onde se inscreveu no curso de flauta doce. “As opiniões que ouvi foram todas muito boas sobre o evento. Acredito que será muito enriquecedor para minha carreira”, ponderou. Thiago, que não terá despesas com hospedagem, pois tem parentes em Juiz de Fora, avalia que o contanto com pessoas que têm opiniões e técnicas diferentes é ponto alto do festival. “É uma ótima forma de aprender coisas novas, principalmente pelo contato com professores que ensinam diferente do seu”.










Fonte:hojeemdia.com.br

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