Luiz Gonzaga: do Exército ao primeiro disco


Gonzaga se alistou no Exército porque mentiu a idade. A lei só permitia depois dos 21 anos e como não exigiram a certidão, Gonzaga se alistou no 23o Batalhão de Caçadores e já no mês seguinte (agosto) estava participando da Revolução de 30 no interior da Paraíba.  Quando completou 1 ano de Exército, Gonzaga foi mandado para servir no Sul do país e embarcou para o Rio de Janeiro em dezembro de 1931. Depois foi para Belo Horizonte em agosto de 1932 e integrou o 12o regimento da Infantaria. Foi lá que ele ficou sabendo que Nazarena, sua paixão de Exu, havia se casado.
Em janeiro de 1933, Gonzaga fez um concurso para corneteiro e passou. Adquiriu algumas noções de harmonia, aprendeu a tocar corneta e foi elevado a tambor-corneteiro da 1a classe. Foi quando recebeu o apelido de Bico de Aço.

Durante o serviço militar, Gonzaga aprendeu a tocar violão. Mas não tomou gosto pelo instrumento. Em 1936 era ouvinte da Rádio Tupi e admirava um baiano que começava a fazer sucesso: Dorival Caymmi. Conheceu naquele mesmo ano um colega soldado que tinha uma sanfona. Tomou gosto novamente pelo instrumento e pediu a Carlos Alemão, fabricante de sanfonas, que lhe fizesse uma. Demorou três meses. Tinha 48 baixos.

Passou a tocar nas festas de Juiz de Fora e, depois, em Ouro Fino, para onde se transferiu em 1937. Nessa cidade, havia um advogado, o dr. Raul Apocalipse, que organizava espetáculos no clube Éden, e chamou Gonzaga para tocar lá. Foi a primeira vez que o exuense cantou num palco de verdade. Tocava músicas de Almirante, Antenógenes Silva e Augusto Calheiros. Completados dez anos de Exército, Gonzaga teve que sair por força da lei. Então, no dia 27 de março de 1939, Gonzaga embarcou num trem para o Rio de Janeiro e, na mala, uma passagem de volta para o Recife (de navio) e daí até Exu. Mas Gonzaga resolveu dar uma esticada ao bairro do Mangue, no Rio, onde havia muitos bares, verdadeiros “inferninhos” cariocas, e por ali passava muita gente. Passou a tocar no meio da rua, juntando gente, passando o prato, e chamou a atenção dos donos de bares. Conheceu o músico baiano Xavier Pinheiro e foi morar com ele, no Morro de São Carlos.

Mas o primeiro disco com Luiz Gonzaga artista individual nasceu no dia 14 de março de 1941 quando foi chamado não mais para acompanhar outro artista, mas ele próprio sendo a figura principal. Seu primeiro disco, portanto, saiu em maio. Era um 78 rotações com a mazurca “Véspera de São João” e a valsa “Numa serenata”. Em junho, Gonzaga foi lançado com o xamego “Vira e Mexe” e a valsa “Saudades de São João del=Rei”. Ainda em 1941, Gonzaga lançou mais dois 78 rotações. No primeiro, gravou “Nós queremos uma valsa” e o chorinho “Arrancando caroá”, de sua autoria. No segundo disco, gravou “Farolito” (Augustin Lara) e “Segura a polca” (Xavier Pinheiro).








Fonte: Consulado Social


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